Associação de Freelancers cresce na região de Ouro Preto e Mariana
- Rádio Plural
- 10 de fev.
- 3 min de leitura
Os baixos salários por hora causam insatisfação nos trabalhadores informais e é a principal reivindicação da associação recém criada
Por: João Henrique, Larissa Rodrigues e Mileyde Gomes
Desde o começo de janeiro, a Associação dos Freelancers, um grupo de trabalhadores sem registro na região dos Inconfidentes, se organiza para reivindicar um reajuste nos pagamentos e benefícios nos estabelecimentos que oferecem este tipo de serviço. Os baixos salários por hora disponíveis, assim como valores de transporte e alimentação, são as principais insatisfações do grupo.
A ideia da associação surgiu por meio de um debate em um grupo online criado na rede social WhatsApp, destinado para anúncio de vagas de emprego e envolveu vários trabalhadores sem registro, denominados freelancers. Edinara Luiza, de 22 anos, fundadora da associação, confirma que os trabalhadores estão insatisfeitos com os atuais valores ofertados pelos estabelecimentos.“Alguém falou no grupo que poderíamos ter uma associação de freelancers. Eu fui, peguei essa sugestão e criei a associação com o pensamento de que, com a união de todos nós, poderia haver alguma mudança”, disse.
Edinara é mãe e fala sobre as vagas serem necessárias para os pais que precisam conciliar casa, filhos e trabalho. “Muitas vezes, não conseguimos ter um trabalho fixo devido à carga da maternidade”. Ela diz sobre os estudantes que vêm de fora e não possuem família na região, e precisam dessas vagas para se manterem na universidade. A criadora da associação afirma que melhores condições e valores facilitam a vida de quem depende desses trabalhos na região.
Edinara conta que, após a criação da associação, trabalhou em alguns lugares e recebeu mensagens de alguns participantes do grupo informando que conseguiram valores melhores, mas que ainda variam entre 12,00 a 13,00 por hora. “Então meio que alguns aceitam, mas acham muito dinheiro e reduzem a carga para não pagar um valor alto”, completa a freelancer. Vale relembrar que o valor mais comum pago pelos estabelecimentos é de 10 reais por hora, instituído em meados de 2020 no período na COVID-19 e sem ajustes desde então.
Em entrevista ao Jornal Plural, João Gurgel, fundador da agência de empregos Human, fala sobre seu conhecimento sobre a associação, e explica que desde que fundou a agência em 2021, faz a intermediação entre contratantes e freelancers. Gurgel já havia recebido questionamentos sobre os assuntos tratados no grupo e analisou uma oportunidade de incentivar o contato entre as partes envolvidas. “Incentivamos o contato com entidades como a CDL e a Associação Comercial para garantir que os empresários tivessem voz nesse processo, e para criar canais diretos de comunicação entre empregadores e freelancers.”
Estudantes da região utilizam o freela para conseguir uma renda extra e muitos apontam que o reajuste é necessário para uma valorização do trabalho prestado. Cecília Araújo, de 24 anos, estudante da UFOP, é freelancer em Mariana e não concorda com os valores atuais de pagamento. “Não acho viável 10 reais (por hora). Levando em conta o cenário, não somos bem recebidos e também acho que 10 reais não cobre o tanto que a gente trabalha”, relata. Ao ser questionada sobre o reajuste proposto, de 15 reais por hora, a estudante mostra esperança. “Tendo um padrão, eu acho que as coisas vão ficar diferentes e vai valer bem mais a pena”.
André Luiz, de 19 anos e também estudante da UFOP, exerce o trabalho informal aos finais de semana em Ouro Preto. Ele declara que ainda não recebeu o valor esperado de reajuste e diz: “Fico muito insatisfeito quando passo 7/8 horas trabalhando em um local, às vezes recebendo falta de educação de clientes e até mesmo do dono do estabelecimento, para no final receber um valor baixo. O reajuste é mais do que necessário”.
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