Comunidade universitária ocupa a Praça Tiradentes em ato de protesto
- Rádio Plural
- 28 de jun.
- 3 min de leitura
Após um ano sem cumprimento total do acordo com o Governo Federal, professores voltam a protestar
Por André Medeiros
Na manhã de quinta-feira, 26 de junho, foi realizado um ato na praça Tiradentes, em Ouro Preto, em prol de uma paralisação de âmbito nacional. A manifestação aconteceu em conjunto com a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto (Adufop), o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos da UFOP (Assufop) e o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES).
Com duração de quatro horas, a manifestação foi pacífica e se manteve no centro da praça. O ato contou com a presença de professores, técnicos e estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), além de moradores da cidade. Os participantes ouviram e cantaram músicas e partilharam um café da manhã.

Durante a cobertura, a Rádio Plural conversou com Khatiuça Bertollo, atual presidente da Adufop. “Essa aula pública, aqui na Praça Tiradentes, é um ato em referência ao não cumprimento integral do acordo de greve assinado, já há um ano. No Governo Federal, das várias pautas e cláusulas, apenas duas foram integralmente cumpridas. Tem muita pauta, muita reivindicação, muita demanda da categoria, de toda a educação para serem avançados junto ao Governo Federal.”

Em entrevista, o presidente da Assufop, Gabriel Lima de Souza, comentou sobre a necessidade de recomposição orçamentária nas universidades públicas do país. “Nós estamos aqui nos posicionando para que o orçamento federal seja reconstruído. Para que as universidades tenham, de fato, um orçamento que banque todo esse serviço público. Para que a gente possa ter uma universidade pública, gratuita, socialmente referenciada e de qualidade”

Também esteve presente na manifestação o grêmio estudantil do Instituto Federal de Minas Gerais. “A gente tá aqui hoje porque precisamos de mais orçamento para nossa educação e mais dinheiro para nossas universidades e institutos federais. Estamos aqui porque não tem como falar de orçamento para a educação em um estado onde as sirenes de alarmes das mineradoras falam mais alto que os professores. Nós não precisamos dessa mineração predatória e nem repassar dinheiro para grandes bilionários, a gente precisa da taxação para reforçar nossas escolas públicas, as nossas universidades e nossos institutos federais” Disse Zion Trevisani, Diretor da União Colegial de Minas Gerais e estudante de Edificações pelo IFMG.

Outro assunto discutido na praça foi a proposta anunciada pelo Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que visa federalizar a Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), com o intuito de pagar parte da dívida com a União. Essa medida não foi debatida com a comunidade acadêmica e segue em tramitação mesmo em total desaprovação do corpo docente e discente da UEMG.
Também presente no ato na Praça Tiradentes, o professor do curso de Serviço Social, Davi Machado Perez, diz em seu discurso: “A PEC 32 significa a destruição do serviço público”. Davi ainda anunciou a criação de um Movimento Popular de Luta na Educação, com o objetivo de descentralizar a luta e fortalecer as entidades estudantis. A reunião acontecerá no dia 9 de julho às 17:00, na sala 104 do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA).
Greve nacional de 2024
Em 2024, exigindo um reajuste salarial, maior orçamento para as instituições e uma melhor reestruturação de carreiras, professores e técnicos das Universidades Federais e Institutos Federais de todo o Brasil estabeleceram uma greve que perdurou por sessenta e nove dias. E só após dois meses de paralisação, foi assinado um acordo que contemplava, em partes, os pedidos feitos pelas entidades educacionais federais. O termo nº 10/2024, firmado entre o Governo Federal e o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), em parceria com o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) contém sete cláusulas.
Um ano após o firmamento não houve cumprimento total do acordo. O cenário acadêmico não demonstra melhora, com diversas universidades federais tendo seu funcionamento comprometido.
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