Conheça a história de Zélia Correia e a receita secreta de Ouro Preto

Com vários estandes divididos em nichos, como alimentação, obras artísticas, tecnologia e artesanato, durante o 4° Festival de Turismo e Cultura de Ouro Preto (Festur), foi possível conhecer a história por trás de cada empreendimento. Uma das mais memoráveis é a de Zélia Correia e sua receita secreta de "Amêndoas de Ouro Preto".

Zélia adicionando caramelo nas ervas, durante apresentação no Festur. Foto: Carolina Costa

A receita secreta

Apresentando ao público visitante no estande "Cozinha Show", ela preparou a tradicional receita, conhecida e distribuída no final da Semana Santa em cidades históricas como Ouro Preto e Mariana. As amêndoas ouropretanas são comumente oferecidas em cartuchos durante quermesses e procissões, marcando gerações com uma tradição que preserva a cultura gastronômica da cidade.

Zélia é secretária da Escola Municipal Padre Carmélio Augusto Teixeira, em Ouro Preto (MG), mas tem como hobby produzir e vender o doce há quatro anos. Desde criança, ela é fascinada pelo tradicional e saboroso açucarado. No entanto, seu maior dilema era que a receita sempre foi protegida pelas cozinheiras que a preparavam.

“Eu bati em muitas portas para aprender a fazer amêndoas, mas ninguém falava como fazer. E quando eu pensava em aprender, eu dizia: ‘quando eu aprender a desenvolver esse comecinho aqui, vou passar para as pessoas’, porque isso é importante. Porque girar na panela as bolinhas você vê em toda a internet. Agora o comecinho você não encontra.” relata Correia.

Com as idas e vindas da vida, Zélia só foi encontrar o cobiçado método de preparo em um livro chamado “Memória Culinária de Ouro Preto”, um projeto publicado pela Editora UFOP. Agora, com a fórmula em mãos, a secretária se viu diante de mais um dilema: a forma correta de iniciar. Diante de muitas tentativas, que duraram quase um ano, a funcionária não desistiu: “fui trabalhando em cima da receita […] até dar conta de fazer e desenvolvi o meu processo de fazer a amêndoa sozinha”, afirma Zélia.

Memória e sabor

Em entrevista para o Jornal Plural, a visitante do evento e moradora de Ouro Preto, Margarete Peret, compartilhou suas memórias com a receita das Amêndoas. Desde a sua infância, ela já teve contato com o doce através de sua mãe, que encomendava com uma tradicional cozinheira, ‘a dona Ninicia’, residente do bairro da Água Limpa.

"Quando a gente passava pelo bairro da Água Limpa, a minha mãe gostava muito de comprar essas amêndoas. Então, ela encomendava na casa da dona Ninicia, que era uma das pessoas que tinham a maior tradição e detinham conhecimento. Eu sempre a acompanhava. Quando a gente chegava perto da residência dela [da dona Ninicia], a gente já sentia na rua o cheiro do processo. Era um cheiro, assim, inebriante, uma coisa deliciosa", conta Margarete.

Peret assistiu à apresentação por completo. A receita a cativava de tal forma que ela anotava todos os passos e dicas da cozinheira. Na ocasião, ela comentou que acha interessante que pessoas como Zélia Correia passem este ensinamento ao público, reforçando, deste modo, a tradição de produzir uma receita tão significativa para a cidade.

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Texto: Carolina Costa e Paulo César Gouvêa/Rádio Plural