Padre Avelar e sua contribuição para a UFOP

O prédio Padre Avelar é uma construção anexa ao Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA), da Universidade Federal de Ouro Preto. O edifício é frequentado diariamente por alunos de diferentes cursos acadêmicos, como Jornalismo, Serviço Social, Administração e Economia. Com base na pesquisa do ex-aluno Gabriel Luz de Oliveira, graduado em História pela UFOP, a construção na rua do Catete, principal entrada da cidade de Mariana, recebeu notáveis contribuições da figura de Padre José Dias Avelar, diretor do colégio Dom Frei Manoel da Cruz até 1991. Ele tornou-se uma referência na cidade de Mariana por ser um dos precursores da educação no município através da construção da nova sede do colégio, agora na rua do Catete.

Quadro de homenagens ao lado do Auditório do prédio Padre Avelar, vinculado ao Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da UFOP. Foto: João Henrique do Nascimento

Quem foi Padre Avelar?

José Dias Avelar nasceu no dia 28 de agosto de 1898, na cidade interiorana de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Era filho de José Dias Avelar e da professora Reparata Dias de Oliveira, e tinha seis irmãos. Em 1915, concluiu o curso de Humanidades no Seminário do Caraça, em Catas Altas. No mesmo ano, estudou em Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde fez o Noviciado. Em 1919, concluiu o curso de filosofia e seguiu para Dax, comuna na França, onde foi ordenado padre por Dom Marie-Charles-Alfred de Cormont por ordem dos lazaristas, em 1922. Os Lazaristas, ou Vicentinos, são padres, homens ou mulheres leigos da francesa Congregação da Missão. Fundada por São Vicente de Paulo, em 1625, a congregação tinha o objetivo de espalhar a evangelização. São comumente chamados de Lazaristas devido ao nome da primeira casa da assembleia em Paris, que era conhecida como Casa de São Lázaro.

No ano em que foi ordenado, Padre Avelar volta ao Brasil e permanece no Seminário de Petrópolis para lecionar. Em 1926, é transferido para Diamantina, onde foi disciplinário, procurador e professor nos Seminários Maior e Menor e finalmente reitor da instituição de 1936 a 1945. Finalizada a reitoria, foi transferido para a paróquia São José, no bairro Calafate, em Belo Horizonte. Logo, chegou em Mariana em março de 1946, nomeado professor e diretor espiritual do Seminário São José, que era administrado pela Congregação da Missão.

Em 1954, Padre Avelar recebeu o convite para ser diretor de uma escola recém-fundada, que pretendia dar oportunidade aos marianenses de cursar o ensino secundário, principalmente para os que não tinham condições de pagar. Naquela época, os colégios em atuação na cidade eram o Colégio Providência, um internato feminino, e os Seminários Maior e Menor, voltados à formação eclesiástica.

Por isso, Dom Oscar de Oliveira, na época Cônego, criou, com autorização do arcebispo de Mariana, Dom Helvécio Gomes de Oliveira, o Ginásio Dom Frei Manoel da Cruz, com o nome em homenagem ao primeiro bispo da cidade, responsável pela fundação da primeira escola pública de Minas Gerais.

Em entrevista, a professora Hebe Rola diz que Padre Avelar e outras pessoas da comunidade “carregaram tijolos” para erguer a sede do Colégio Dom Frei, que seria construído na rua do Catete. Com as obras finalizadas, o padre substituía os professores que faltavam para que os alunos não ficassem sem aula. Hebe acredita que ele seguia o exemplo de sua mãe, Dona Reparata, conhecida por adiar o repouso mesmo após o parto do seu filho para que os alunos pudessem ter aulas.

A obra do Ginásio Dom Frei teve muitos obstáculos para a realização, principalmente pelas intervenções da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN), atual IPHAN, e da autarquia federal na época, as quais foram duramente criticadas por Padre Avelar sobre a burocracia para o andamento da construção. O padre, junto a seus colaboradores, apresentou uma série de desenhos para o edifício. A maioria desses projetos foram rejeitados por parte da autarquia federal pelas regras de planejamento urbano e da estética do prédio.

Atual estrutura do prédio Padre Avelar. Foto: Acervo Osilene Gonçalves Magalhães

A preocupação de Padre Avelar era que a construção ficasse pronta quanto antes, e frisava que para ele era “indiferente que as fachadas sejam desta ou daquela forma”, o importante é que fossem iniciadas rapidamente. O Colégio Dom Frei foi inaugurado em 1964, com as obras ainda em andamento. Seu tamanho diminuiu consideravelmente em comparação com o projeto inicial, devido a algumas indicações e contra-indicações dos arquitetos da Seção de Projetos na época.

Texto por: João Henrique do Nascimento e Victória Kelly