É Assim Que Acaba: entenda a importância e as polêmicas em torno do filme
- Rádio Plural
- 2 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de set. de 2024
Com polêmicas dentro e fora das telas, brigas nos bastidores e cancelamento em massa, a adaptação cinematográfica do best-seller de Colleen Hoover, “É Assim que Acaba”, estreou nos cinemas no dia 8 de agosto e já levou mais de 1 milhão de pessoas às salas de cinema em todo o Brasil. O sucesso nas livrarias chegou às telonas dividindo opiniões e levantando debates, principalmente em torno da violência doméstica e dos relacionamentos tóxicos.

Hoover conta no prólogo de seu livro que se inspirou na história de seus pais, e apesar da capa delicada e repleta de flores, o livro tem ar romântico, e traz o retrato de relacionamentos tóxicos e violentos. O longa conta a história de Lily Bloom, que se muda de uma cidadezinha localizada em Maine nos Estados Unidos, para Boston. Lá ela abre uma floricultura e após a morte de seu pai conhece o neurocirurgião Ryle Kincaid, que possui aversão a relacionamentos sérios e é extremamente temperamental. Durante o relacionamento com Ryle, Lily reencontra um antigo amor, Atlas Corrigan, que na adolescência viveu em situação de rua e acompanhou os momentos de violência doméstica sofridos pela mãe da mocinha. O enredo aborda a complexidade de relacionamentos tóxicos quando Lily se vê na mesma posição que a mãe.
Logo que a atriz Blake Lively foi anunciada como Lily Bloom, o alvoroço dos fãs da obra e da atriz foi enorme nas redes sociais. O que parecia ser o filme da carreira de Blake virou um festival de cancelamento durante as pré-estreias e eventos promocionais do longa-metragem.
“É Assim Que Acaba” tem como foco um relacionamento extremamente tóxico e abusivo, com violência física, psicológica e sexual. Durante toda a história a protagonista luta para se libertar. Entre idas e vindas, Lily se vê presa ao medo, aos abusos e à violência.
A história da protagonista do filme está longe de ser uma história ficcional. De acordo com pesquisa feita pelo Instituto DataSenado em 2023, 30% das mulheres brasileiras já sofreram violência doméstica. Violência psicológica, moral, física, patrimonial e sexual são as mais frequentes no país.
O diretor e ator do filme, Justin Baldoni, é um grande ativista estadunidense e engaja em vários projetos sociais. Assim, Justin tem utilizado a divulgação do filme como forma de levantar debates sobre a violência doméstica e a importância de identificar e denunciar sua ocorrência.
Em contrapartida, os fãs do livro identificaram uma grande omissão de Blake Lively em torno da seriedade envolvida na trama do filme. Durante todo o período de divulgação do longa, a atriz tem tratado seu enredo como uma comédia romântica. Seu posicionamento gerou uma grande repercussão nas redes sociais, levando os espectadores e fãs do livro a se questionarem quanto às ações da atriz em razão da promoção do filme. Na rede social X, Blake vem sofrendo com o famoso “cancelamento” e os próprios fãs reforçam a importância de debater o assunto.
Outro fato que chama a atenção é a atitude de alguns espectadores brasileiros, que estão tratando a história como uma questão de escolha romântica e criticando a personagem que vive violência constante por ter “trocado” um neurocirurgião por um "ex sem teto", quando o ponto central da história é outro.
Violência é crime no Brasil e o principal canal de denúncias no país é através do número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Em caso de violência doméstica de qualquer tipo, denuncie.
Texto por Carmen Maria Gomes e Mariana Ribeiro
Comments